Odeio História
quarta-feira, 11 de maio de 2016
segunda-feira, 2 de maio de 2016
Como funciona a migração humana - Material complementar do 2ºB
Como funciona a migração humana
por Ed Grabianowski - traduzido por HowStuffWorks BrasilIntrodução a Como funciona a migração humana
De onde viemos? Como chegamos onde estamos hoje? Para onde iremos? O estudo dos padrões da migração dos humanos nos dá uma idéia do desenvolvimento da civilização humana e nos mostra os padrões da existência humana. O estudo da migração moderna nos ajuda a compreender os complexos sistemas econômicos e pode nos oferecer uma maneira de garantir a sobrevivência futura da raça humana.
Marco Di Lauro/Getty Images Um migrante africano no CETI, Centro de Estadia Temporária de Imigrantes, no enclave espanhol de Melilha, Espanha |
Origens do ser humanoNinguém sabe exatamente quando os seres humanos se tornaram humanos. Os cientistas usam certas características encontradas em amostras de fóssil (geralmente, a forma da cabeça) para diferenciar o Homo sapiens das espécies mais primitivas do gênero Homo, como o Homo erectus. Recentemente, dados genéticos também foram usados para identificar as primeiras populações humanas. Como não temos certeza de quando os seres humanos evoluíram para Homo sapiens, também não podemos afirmar exatamente como ou quando os primeiros humanos se espalham pelo resto do mundo. Os paleantropólogos têm várias teorias com base na melhor evidência disponível.
A predominante é a teoria Fora da África. Os hominídeos pré-humanos provavelmente se desenvolveram na África e se espalham para a Europa e para partes da Ásia. Os primeiros Homo sapiens apareceram na África há aproximadamente 400 mil anos [fonte: National Geographic (em inglês)].
Isso é fortemente sustentado por dados genéticos e fósseis. Cerca de 100 mil anos atrás, mudaram para o norte, da África para o Oriente Médio, seguindo, finalmente, para a Europa e Ásia. Os Homo sapienscoexistiram com os primeiros hominídeos, como os homens de Neandertal. Com sua notável inteligência e organização, os Homo sapiens superaram outras espécies pré-humanas em relação aos recursos, tinham um sucesso reprodutor maior e, por fim, os substituíram [fonte: Instituição Smithsoniana (em inglês)].
Uma outra teoria sugere que os pré-humanos que já tinham se espalhado pela Europa e Ásia evoluíram paraHomo sapiens. Houve um cruzamento entre as populações regionais separadas de Homo sapiens, passando as características dos humanos modernos por toda a população humana. Essa teoria é responsável por algumas diferenças regionais vistas entre as diversas populações humanas.
Hoje, a teoria Fora da África é amplamente aceita e possui evidências mais científicas que a sustentam. Isso significa que a história da humanidade é a história da migração.
O movimento das placas tectônicas significa que as massas terrestres, que agora estão a milhares de quilômetros de distância, um dia estiveram ligadas como um supercontinente gigante. Isso teve uma grande influência nas migrações animais, já que os cientistas descobriram restos de fósseis de criaturas idênticas em lugares distantes e distintos. Entretanto, a migração humana não foi afetada. Por que? Porque somos muito novos. Quando os primeiros humanos apareceram, os continentes já estavam praticamente nos locais que estão hoje.
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Por que as pessoas migram
AFP/Getty Images A onda de calor que ocorreu em 2003, na Índia, levou famílias nômades a darem início mais cedo à sua migração |
Uma população de seres humanos que vive em uma determinada área enfrenta algumas pressões. Essas pressões dependem do tamanho da população, dos recursos disponíveis e da capacidade da comunidade de explorar tais recursos.
Comida - a pressão mais básica da população, e a única que provavelmente levou às migrações mais precoces da África, é a comida. Um pedaço de terra pode suportar apenas uma certa população com a comida produzida lá. As técnicas e tecnologias modernas de agricultura podem aumentar bastante a produção de comida, mas nas florestas e savanas africanas de 100 mil anos atrás, os seres humanos subsistiam com caça e colheita.
Se a população crescesse muito, não haveria carne nem fruta suficiente para alimentar todos. Uma parte da população podia simplesmente andar alguns quilômetros de distância para encontrar novas regiões de caça. As pessoas talvez tenham apenas se deslocado algumas dezenas de quilômetros por geração, mas, ao longo de dezenas de milhares de anos, essa migração lenta, porém implacável, espalhou os homens pela Europa e Ásia.
Espaço - você só consegue reunir tantas pessoas se tiver um determinado espaço. As melhorias na tecnologia médica e sanitária tornam o limite exato bastante variável e, em algum momento, a população fica muito grande para a área. Isso pode levar a ataques de violência ou a surtos de doenças virulentas. A piora geral das condições de sobrevivência leva algumas pessoas a se mudarem.
Tempo e clima - em pouco tempo, os fenômenos climáticos podem expulsar uma população de uma certa área. Enchentes e fortes tempestades podem fazer isso. Os padrões de migração a longo prazo foram formados pela mudança climática. Uma seca que transforma uma região, até então fértil, em um deserto obrigará a população a procurar um outro lugar. Mudanças no nível do mar podem revelar grandes extensões de terra costeira. Partes maciças de oceano congelado que ocorreram durante a era glacial mais recente deram ao homem acesso a partes do mundo que, de outra maneira, ele não podia alcançar [fonte: INSTAAR(em inglês)].
Outras razões para migração
Guerra e política - alguém poderia dizer que praticamente todo conflito na história humana pode ser determinado pela pressão da população, o que significa que a guerra e a opressão política podem ser apenas sintomas disso.
Foi a opressão que levou os puritanos ingleses a se estabelecerem na América do Norte depois de fugirem primeiro da Inglaterra para a Holanda. Hoje, estima-se que dois milhões de refugiados saíram de seu país, o Iraque, como conseqüência da guerra, espalhando-se pelo Oriente Médio; outros dois milhões foram tirados de suas casas dentro do próprio país [fonte: Human Rights Watch (em inglês)].
Spencer Platt/Getty Images Um homem carrega produtos em sua bicicleta próximo à entrada da cidade sitiada de Basra, Iraque, enquanto civis fogem por causa da guerra |
Economia - em termos de pressão da população, o dinheiro é o substituto da comida. Desde a Revolução Industrial, algumas pessoas plantavam e colhiam o alimento que comiam. Hoje, em vez disso, compramos os alimentos que consumimos. Agora, em vez de se mudarem para onde está a comida, as pessoas se mudam para onde está o dinheiro. Essas migrações podem ser mudanças lentas, como a redução da população no nordeste dos Estados Unidos quando a indústria de aço entrou em decadência. Elas também podem acontecer rapidamente. Uma grande fábrica construída em uma cidade pode levar milhares de trabalhadores, além de outras milhares de pessoas que ganharão dinheiro oferecendo comida, roupa e hospedagem a esses trabalhadores.
Isso ilustra o fato de que as migrações econômicas não seguem os mesmos padrões que as migrações por comida. Onde a comida é afetada, populações maiores tornam mais difícil a obtenção de comida suficiente. Em contrapartida, a economia prospera em níveis populacionais saturados. Mais pessoas equivalem a mais dinheiro.
O espírito humano - essa forma de pressão da população realmente não pode ser medida, mas não deveria ser aceita tão facilmente. As pessoas têm um desejo natural de explorar e colonizar novos territórios. Mesmo quando não impulsionados pela fome, política ou economia, os seres humanos migram.
Quando os nazistas estavam poder na Alemanha, na década de 30, muitos judeus emigraram (termo que significa sair de um lugar; a imigração significa entrar em um lugar) para outras partes da Europa. Seguindo o Kristallnacht, um massacre de dois dias em que centenas de judeus foram mortos, milhares foram presos e todos os comércios, sinagogas e casas pertencentes a eles, destruídos e queimados, muitos judeus saíram da Alemanha e da Áustria. Quase 400 mil judeus tinham partido nos anos 40.
Mesmo fugindo dos nazistas, não havia garantia de segurança para os refugiados. Embora muitos deles tenham sido aceitos nos Estados Unidos e na América do Sul, uma vez que as cotas de imigração fossem atendidas, a maioria dos países não permitiria a entrada de mais refugiados. Um navio chamado St. Louis chegou em Cuba, em 1939, lotado de refugiados. Eles foram proibidos de entrar no país, e também não receberam asilo dos Estados Unidos nem do Canadá. O navio foi obrigado a voltar à Europa e a maioria dos refugiados foi mandada para campos de concentração [fonte:Biblioteca Virtual Judaica (em inglês)].
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Primeira migração humana
Não há nenhum registro histórico que siga os padrões migratórios dos primeiros seres humanos. Os cientistas juntam a história da migração humana examinando as ferramentas, a arte e os locais de sepultamento que deixaram para trás e traçando padrões genéticos. Fazem isso analisando o DNA mitocondrial (mtDNA), que é passado da mãe para os filhos sem ser combinado com o código genético do pai. Podemos observar o mtDNA de duas pessoas que viveram a milhares de anos e de quilômetros de distância e, se o código genético do seu mtDNA for o mesmo, sabemos que eles eram ancestral e descendente [fonte: PBS NOVA (em inglês)].
Kenneth Garrett/National Geographic/Getty Images Cientista procurando fósseis de hominídeo em Olorgasailie, local de descoberta de amostra do Homo erectus, encontrada por Rick Potts. Essa amostra é o primeiro fóssil de hominídeo encontrado após mais de 60 anos de trabalho em Olorgasaili. |
O exame do mtDNA é útil por outra razão - ele acumula mutações com certa rapidez. Os cientistas conseguem ver a quantidade existente de mutações e determinar aproximadamente a idade dessa linha genética. Comparando o número de mutações do mtDNA encontradas nas pessoas de diferentes localidades, podemos dizer onde os seres humanos chegaram primeiro. Quanto mais mutações, mais tempo eles viveram naquela região. Todo o mtDNA encontrado em certas partes da África tem mais mutações do que qualquer outro mtDNA no mundo. Essa evidência sustenta a teoria Fora da África. Entretanto, mesmo com essas pistas, muitas informações sobre as primeiras migrações humanas são duvidosas.
Rotas da primeira migração
Quando os humanos deixaram primeiro a África, seguiram pela costa, onde os recursos eram abundantes. A primeira onda de migração cruzou o Oriente Médio, foi para o sul da Ásia e, finalmente, seguiu para a Austrália [fonte: National Geographic (em inglês)]. Isso aconteceu aproximadamente entre 90 mil e 30 mil anos atrás [fonte: Haywood]. Outras ondas de migração se seguiram. Entre 40 mil e 12 mil anos atrás, as pessoas saíram do norte em direção à Europa. Entretanto, seu alcance era limitado por uma placa de gelo que se estendia na parte norte da Europa continental.
As condições geladas da época também ajudaram a expandir o território da humanidade primitiva. Uma placa maciça de gelo, associada a níveis do mar mais baixos, formou uma ponte entre a Sibéria e o Alasca que chamamos Beringia. Os primeiros humanos andaram, há mais de 30 mil anos, mudando para a costa oeste da América do Norte [fonte: National Geographic (em inglês)].
Outras fontes sugerem uma migração norte-americana mais recente, começando há cerca de 15 mil anos [fonte: Haywood]. Novas evidências parecem continuar empurrando a data da primeira habitação norte-americana para essa época. Os seres humanos finalmente se espalharam pela América do Sul e seguiram pelo leste para o que atualmente é o leste dos Estados Unidos e Canadá. Essa teoria da colonização da América do Norte é sustentada pela prova do mtDNA e pela semelhança das estruturas dentárias das populações norte-americanas e siberianas da época.
Há muito tempo, há outras teorias de que os primeiros humanos atravessaram o Oceano Atlântico, da África para a América do Sul ou Caribe, ou a Europa, da Groenlândia para a América do Norte. Embora tenha sido possível fazer tal viagem usando a tecnologia de navegação disponível, é improvável que uma migração em grande escala tenha ocorrido dessa maneira.
A primeira expansão da humanidade pela Terra aconteceu principalmente devido à comida e ao clima. As tribos nômades com algumas dezenas de pessoas provavelmente seguiram os padrões de migração dos animais que caçavam. A mudança climática abriu novos caminhos para a caça, da mesma forma que a tecnologia, como o domínio do fogo e da conservação de alimentos, permitiu que o homem vivesse em condições abaixo do ideal. A capacidade humana de se adaptar a novas circunstâncias não apenas deu aos homens primitivos uma vantagem em relação ao Homo erectus, como também facilitou a expansão global.
A migração da Sibéria para a América do Norte talvez não tenha sido feita sobre uma ponta de gelo/terra. Outra teoria sugere que os colonizadores usaram o caminho do mar que estreitou as costas e as ilhas ao longo do caminho. Eles paravam nas pequenas porções de terra que não estavam cobertas de gelo, finalmente, afastando-se para o sul, onde a terra já estava completamente sem gelo [fonte: National Geographic (em inglês)].
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Tecnologia e migração
A revolução agrícola
Cada grupo humano sobreviveu como caçador-agricultor durante milhares de anos. Há cerca de 10 mil anos, o homem desenvolveu a tecnologia da lavoura. Essa tecnologia não se desenvolveu em um local e, lentamente, espalhou-se pelo mundo - surgiu independentemente em muitos lugares diferentes. A agricultura foi um sucesso, pois podia sustentar populações maiores com uma quantidade menor de terra. O fim da era glacial melhorou as condições climáticas em muitas regiões, tornando a lavoura mais lucrativa. Embora muitas sociedades mantivessem uma existência de caçador-agricultor mesmo nos tempos modernos, o sucesso da agricultura acabou com as constantes migrações humanas que faziam parte do estilo de vida caçador dos nômades do mundo inteiro. Os humanos ainda migraram depois do desenvolvimento da lavoura, mas isso não era mais o aspecto central de suas vidas.
TONY KARUMBA/AFP/Getty Images Membros da tribo de caçadores-agricultores da costa do Quênia, os Boni, mostram favos de mel secos. Os Boni, agora com apenas 4 mil membros, mantiveram um estilo de vida tradicional de caça e colheita ao lado de uma agricultura insignificante. |
A migração que ocorria ainda era decorrente das mesmas razões básicas - clima e comida. Em vez de migrarem atrás dos rebanhos, as pessoas migrariam para regiões com melhores solos. Sem técnicas modernas de lavoura, os primeiros fazendeiros podiam usar todos os nutrientes existentes no solo por uma ou duas gerações, forçando a migração para terras não cultivadas. As mudanças climáticas podiam causar secas ou enchentes que também forçavam as migrações.
As migrações tendem a seguir caminhos onde os recursos sejam fáceis de se conseguir. As costas e os rios, com suas terras férteis e peixes, quase sempre são os primeiros lugares a ser habitados. Os humanos não iam para o interior nem para regiões menos hospitaleiras, até que as pressões da população os forçaram a fazer isso.
A agricultura teve um efeito enorme na humanidade: formou a base de toda a civilização humana moderna. O fim das constantes migrações e a capacidade de suportar populações maiores levaram à criação de cidades, estados, governos, religiões organizadas, sistemas monetários e exércitos. Nada disso seria possível com uma população nômade.
Até a abolição da escravatura pelos Estados Unidos (durante a Guerra Civil americana), a Europa e a América do Norte participaram de um poderoso e lucrativo comércio de escravos. As pessoas eram capturadas na África e enviadas através de milhares de navios negreiros. Uma vez na América, eram vendidos em mercados e obrigados a trabalhar pelo resto da vida.
Esse foi o único tipo de migração em que os africanos não foram forçados por nenhuma das pressões da população habituais. Milhões de africanos (estima-se que 20 milhões) foram forçados a sair de seu continente [fonte: Universidade de Calgary (em inglês)]. Esse foi um fluxo maciço de pessoas para o Novo Mundo que, do contrário, não teriam migrado nessas proporções.
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A Revolução Industrial
Os milhares de anos que seguiram o desenvolvimento da agricultura certamente tiveram migrações, mas o próximo acontecimento a criar grandes mudanças na natureza da migração foi a Revolução Industrial. Durante os séculos 17 e 18, a Revolução Industrial mecanizou a produção de bens e alimentos. Ela também levou à urbanização contínua do mundo.
Antes da Revolução Industrial, as comunidades eram relativamente pequenas, com centros econômicos descentralizados que atendiam a cada cidade. Por exemplo, uma cidade podia ter um moinho que processasse os grãos de fazendas próximas e algumas fábricas comandadas por artesãos locais. A industrialização viu o crescimento das fábricas, maciços centros produtores que ofereciam centenas ou milhares de empregos. As pessoas migraram das áreas rurais ou semi-rurais para as cidades em busca desses muitos empregos.
Em 1790, a cidade de Nova Iorque tinha uma população de aproximadamente 33 mil habitantes. Quinze anos depois, passou a ter mais de 300 mil [fonte: Agência Americana de Censo]. Essa taxa de crescimento ultrapassa o crescimento da população nacional [fonte: Agência Americana de Censo]. Em 2005, quase metade das pessoas no mundo vivia em uma cidade, um número que tem crescido continuamente e tende a continuar aumentando [fonte: UN]. Alguns países chegam a ser 80%, ou mesmo 90% urbanizados [fonte: Indicadores de Desenvolvimento Mundial].
Migração moderna
A migração no mundo moderno tem uma diferença importante das formas anteriores: as fronteiras nacionais. As fronteiras impedem tentativas de migração, limitam a migração a certos grupos ou cotas e restringem a migração a certas classes econômicas. Embora a migração ainda seja guiada pelas mesmas pressões básicas, agora, também é moldada artificialmente por forças políticas.
David McNew/Getty Images Migrantes fogem para o México durante uma tentativa fracassada de entrada ilegal nos Estados Unidos |
A maioria das migrações modernas segue padrões econômicos. As pessoas estão sempre buscando oportunidades econômicas melhores. Durante décadas, isso levava a um fluxo migratório na América do Norte - do sul ao norte. As cidades do norte tinham muitos empregos nas indústrias e eram centros econômicos. A industrialização demorou na região sul dos Estados Unidos e no México, por isso, as pessoas de lá seguiam para o norte à procura de trabalho. Essa mesma iniciativa é o que impulsiona a migração do México para os Estados Unidos, hoje.
No início da década de 80, a migração norte-americana passou a ser do norte para o sul. As antigas indústrias que, durante décadas, atraíram habitantes do sul, estavam falindo ou se mudando devido às pressões de concorrentes estrangeiros. Entretanto, as cidades do sul e oeste tiraram proveito das tecnologias mais novas, abrindo novas indústrias e oferecendo muitos empregos. Entre 1995 e 2000, o maior movimento de um estado para outro foi de Nova Iorque para a Flórida (fonte: Agência Americana de Censo].
Na Europa, a migração está seguindo o mesmo padrão. Muitos empregos nas nações européias ricas estão atraindo um fluxo de imigrantes da Turquia, do Paquistão e de outras regiões do Oriente Médio.
Nem toda cultura adotou um estilo de vida urbano e estabelecido. Ainda existem pequenos grupos que mantêm uma existência nômade, mudando-se de uma cidade para outra, vendendo produtos e serviços e ficando nos lugares aonde as pessoas os levam (geralmente, lugares pequenos e distantes).
Irish Travellers e European Roma são dois exemplos dessas pessoas. Eles passam suas tradições às gerações seguintes, raramente se integrando à sociedade convencional. Eles falam seu próprio idioma, ensinando-o a seus filhos.
Embora geralmente sejam perseguidos, muitos desses grupos são protegidos por leis que têm a finalidade de preservar seu raro patrimônio. |
Migração para o espaço
Para onde os humanos migrarão depois? Alguns dizem que é inevitável que, um dia, colonizaremos o espaço. Existem muitas razões pelas quais as pessoas vêem o espaço como um destino de migração: há recursos a serem explorados e há espaço para as pessoas viverem, um problema que aumenta na terra, à medida que a população mundial cresce.
Para alguns, a sobrevivência da raça é fundamental - se um asteróide ou uma guerra nuclear acabasse com a vida na Terra, as colônias espaciais poderiam dar continuidade a nossa cultura e existência.
Há muito trabalho para se chegar à primeira colônia espacial de verdade. Existem muitos problemas a serem resolvidos, como a superação dos efeitos da microgravidade nos humanos a longo prazo, a navegação bem sucedida a longas distâncias entre os planetas e a criação de recursos básicos necessários para a sobrevivência dos humanos (água, ar e comida, especificamente). Talvez o que nos leve a colonizar o espaço seja o impulso intangível que mencionamos anteriormente - o espírito humano.
Fonte: Ed Grabianowski. "HowStuffWorks - Como funciona a migração humana". Publicado em 27 de dezembro de 2007 (atualizado em 20 de maio de 2008) http://ciencia.hsw.uol.com.br/migracao-humana5.htm (27 de agosto de 2012)
quinta-feira, 28 de abril de 2016
Dica de estudos: Hora do Enem
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quarta-feira, 27 de abril de 2016
Livro para download 2°A - Tzvetan Todorov - A Conquista da América
Para responder à questão "como se comportar em relação ao outro?", Todorov opta por contar a história da descoberta e da conquista da América. A conquista da América é a tentativa de entender o que aconteceu nesse dia e durante o século seguinte.
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terça-feira, 5 de abril de 2016
Atividade de filosofia 2ºB - Sócrates e os primórdios da filosofia moral.
No Ocidente, as primeiras teorizações sobre ética surgiram com os filósofos da Antiguidade grega, mais especificamente com Sócrates. Antes dele, alguns sofistas já haviam questionado a moral vigente problematizando, por exemplo, aspectos referentes aos mitos, afirmando se tratarem de meras convenções humanas. Mas foi Sócrates, com seu comportamento irônico e seu posicionamento teórico-crítico, o primeiro a problematizar a moral de sua época instituindo o caminho da reflexão ética.
Ao indagar os atenienses sobre o conceito que tinham sobre a virtude e o bem, por exemplo, utilizava-se da ironia para confundi-los e provar que não tinham respostas para essas questões: as pessoas acreditavam discernir ações boas de ações más, porém, não costumavam parar para pensar no que seria o bem em si.
Ao questionar as pessoas sobre o significado do bem em si, Sócrates motivava-as a desconstruírem as opiniões formadas e repassadas pela moral vigente. Não indagava se o que faziam era certo ou errado: problematizava o próprio conceito de certo ou errado, questionando opiniões e explorando a construção de conceitos mais gerais e universais sobre a essência e o bem, explorando a consciência.
Por isso, podemos afirmar que o interesse filosófico, em Sócrates, volta-se para ao mundo da prática - e tem finalidade ética.
Sócrates busca a sabedoria com vistas ao aprimoramento moral. O conhecimento é visto como um bem.
A relação entre o conhecimento e o bem, segundo Sócrates
Sócrates nos é apresentado por seus discípulos Platão e Xenofonte em vários diálogos, como um espírito crítico e questionador, que fez do amor pela sabedoria o grande objetivo da sua vida. Para ele, a busca pelo conhecimento não se dá de maneira distinta da procura pelo bem, pois aquele que conhece a verdade é virtuoso. Por isso, Sócrates é apontado como o primeiro a direcionar a reflexão filosófica para o nomos, dando à sua investigação teórica uma finalidade ética.Os questionamentos éticos e políticos apresentados pela filosofia socrática
Ciente de que a verdade que buscava não estava no mundo e, sim, dentro de si, Sócrates perambulava pelas ruas de Atenas, questionando valores e preceitos estabelecidos.Ao indagar os atenienses sobre o conceito que tinham sobre a virtude e o bem, por exemplo, utilizava-se da ironia para confundi-los e provar que não tinham respostas para essas questões: as pessoas acreditavam discernir ações boas de ações más, porém, não costumavam parar para pensar no que seria o bem em si.
Ao questionar as pessoas sobre o significado do bem em si, Sócrates motivava-as a desconstruírem as opiniões formadas e repassadas pela moral vigente. Não indagava se o que faziam era certo ou errado: problematizava o próprio conceito de certo ou errado, questionando opiniões e explorando a construção de conceitos mais gerais e universais sobre a essência e o bem, explorando a consciência.
Por isso, podemos afirmar que o interesse filosófico, em Sócrates, volta-se para ao mundo da prática - e tem finalidade ética.
Sócrates busca a sabedoria com vistas ao aprimoramento moral. O conhecimento é visto como um bem.
Diálogo entre Sócrates e Eutidemo, segundo Xenofonte em Ditos e feitos memoráveis de Sócrates
— Já observaste uma coisa, Eutidemo?
— Quê?
— Que, pareça embora poder conduzir-nos exclusivamente ao agradável, de tanto é incapaz a intemperança, ao passo que a temperança nos proporciona os mais vivos prazeres.
— Como assim?
— Porque a intemperança, não nos permitindo suportar a fome, a sede, os desejos amorosos, a insônia, necessidades que só elas nos fazem experimentar, deleite em comer, beber, amar, repousar, dormir e que com a espera e a privação não fazem senão aumentar o prazer, a intemperança, digo, impede-nos de sentir verdadeira doçura no satisfazer estes apetites necessários e contínuos. A temperança, ao contrário, única capaz de fazer-nos suportar as privações, é também a única que nos permite gozar até pela memória dos prazeres de que falei.
— Nada do que dizes admite duvidas.
— Demais, aprender a conhecer o belo e o bem, a governar o próprio corpo, a bem dirigir sua casa, a ser útil aos amigos e à pátria e a vencer os inimigos, todas qualidades que não somente são úteis como proporcionam os maiores prazeres: tais as vantagens práticas que colhem os homens temperantes e de que os intemperantes são excluídos. De feito, quem menos digno delas que aquele que, consagrado aos prazeres fáceis, nenhuns sacrifícios fez à virtude?
— Parece-me, Sócrates, considerares o homem dominado por prazeres dos sentidos incapaz de qualquer virtude.
— Qual a diferença, Eutidemo, entre o homem intemperante e a besta mais estúpida? Em que difere dos brutos quem jamais toma o bem por norte e só vive para o prazer? Só os temperantes podem examinar o que há de melhor em todas as coisas, distribuí-las por gênero na prática e em teoria, joeirar o bem e refugar o mal.
— Quê?
— Que, pareça embora poder conduzir-nos exclusivamente ao agradável, de tanto é incapaz a intemperança, ao passo que a temperança nos proporciona os mais vivos prazeres.
— Como assim?
— Porque a intemperança, não nos permitindo suportar a fome, a sede, os desejos amorosos, a insônia, necessidades que só elas nos fazem experimentar, deleite em comer, beber, amar, repousar, dormir e que com a espera e a privação não fazem senão aumentar o prazer, a intemperança, digo, impede-nos de sentir verdadeira doçura no satisfazer estes apetites necessários e contínuos. A temperança, ao contrário, única capaz de fazer-nos suportar as privações, é também a única que nos permite gozar até pela memória dos prazeres de que falei.
— Nada do que dizes admite duvidas.
— Demais, aprender a conhecer o belo e o bem, a governar o próprio corpo, a bem dirigir sua casa, a ser útil aos amigos e à pátria e a vencer os inimigos, todas qualidades que não somente são úteis como proporcionam os maiores prazeres: tais as vantagens práticas que colhem os homens temperantes e de que os intemperantes são excluídos. De feito, quem menos digno delas que aquele que, consagrado aos prazeres fáceis, nenhuns sacrifícios fez à virtude?
— Parece-me, Sócrates, considerares o homem dominado por prazeres dos sentidos incapaz de qualquer virtude.
— Qual a diferença, Eutidemo, entre o homem intemperante e a besta mais estúpida? Em que difere dos brutos quem jamais toma o bem por norte e só vive para o prazer? Só os temperantes podem examinar o que há de melhor em todas as coisas, distribuí-las por gênero na prática e em teoria, joeirar o bem e refugar o mal.
Responda:
- Segundo o diálogo citado por Xenofonte, com quais atitudes Sócrates relaciona a virtude?
- Qual a condição necessária para o exercício da virtude? Como se relacionam, no ensinamento socrático, moderação e imoderação?
segunda-feira, 4 de abril de 2016
O fiasco com a fosfoetanolamina mostra que “de boas intenções, o inferno está cheio”
Por Érico Bennemann Carvalho -
Esclarecimento: após a publicação deste artigo, algumas pessoas criticaram o uso da palavra “fiasco” no título, achando que se isso se refere à fosfoetanolamina. Na verdade, eu quis dizer que a decisão dos políticos de aprová-la sem as devidas provas de que ela funciona é um fiasco, e não a substância em si.
Em 23 de março, o Senado aprovou a “produção, manufatura, importação, distribuição, prescrição, dispensação, posse ou uso da fosfoetanolamina sintética (…) independentemente de registro sanitário, em caráter excepcional, enquanto estiverem em curso estudos clínicos acerca dessa substância”. O projeto agora segue para sanção presidencial. Como farmacêutico-bioquímico, fiquei muitíssimo perturbado com essa decisão, pois ela vai contra os mais elementares princípios científicos e medidas de segurança de saúde pública, já que a substância não foi devidamente testada para que saibamos quais possíveis efeitos negativos ela pode ter, ou mesmo se ela realmente tem algum efeito curativo. O que é mais grave ainda, essa decisão abre um precedente para que mais substâncias que não tiveram sua eficácia e segurança comprovadas sejam novamente aprovadas para uso, e desta vez para doenças mais comuns e menos mortais que o câncer. Este é meu verdadeiro medo.
Nos próximos parágrafos, explicarei da forma mais simples possível tudo o que é necessário saber para entender esta questão. Meu objetivo é que você, leitor, mesmo que não tenha formação na área de saúde, possa entender perfeitamente por que aprovar essa substância em caráter excepcional para o tratamento de pessoas com câncer (que à primeira vista parece uma ação nobre e bem intencionada) na verdade é uma tragédia anunciada.
Antes de mais nada, é fundamental entender o que é o efeito placebo.
Mens sana, corpore sano
“Placebo” é como é chamado um comprimido (ou pílula, ou líquido, ou qualquer outra forma pela qual um medicamento possa ser administrado) que não contém qualquer substância curativa, mas que tem a exata aparência do medicamento contendo essa substância, de forma que o paciente não tem como saber se o que ele está tomando contém a substância curativa ou não. Quando alguém toma um placebo crendo ser o medicamento real, e isso provoca alguma melhora perceptível no estado do paciente, dizemos que ocorreu o “efeito placebo”.
Suponhamos que você está com dor e eu digo que irei te dar uma cápsula de dipirona (um analgésico). Porém, eu abro a cápsula e substituo o pó branco contendo dipirona por farinha (que também é um pó branco) sem que você veja, e dou para você tomar. Incrivelmente, você provavelmente relatará em breve que sua dor passou! Isto ocorre porque você acredita no efeito do remédio, e esta crença faz com que seu corpo libere substâncias que reduzem a dor. É muito provável que sua dor não teria diminuído se eu te contasse que eu troquei a dipirona por farinha, pois aí você não teria mais motivos para crer no remédio. O mais fascinante é que efeito placebo funciona para praticamente qualquer tipo de doença, inclusive o câncer e infecções (casos nos quais se supõe que a crença na cura fortaleça o sistema imunológico para combater as células cancerosas e micro-organismos invasores, respectivamente), e funciona também para outros procedimentos que não a tomada de um remédio, como por exemplo, a crença na ajuda de uma divindade (tenho fortes suspeitas de que pelo menos grande parte dos “milagres de cura” observados em cultos de igrejas sejam devidos ao efeito placebo).
O efeito placebo é tão poderoso e importante que as empresas farmacêuticas gastam bilhões de dólares todos os anos dando placebos para os pacientes, através dos chamados estudos (ou ensaios) clínicos, apenas para tentar provar que seus remédios funcionam e que não é o efeito placebo que está provocando a melhora observada. Isto é, remédios que passam por estudos clínicos e eventualmente são introduzidos no mercado para consumo geral da população são mais eficazes que o efeito placebo por si só.
A importância dos estudos clínicos
Toda empresa farmacêutica que quiser que um novo medicamento que ela desenvolveu seja aprovado para comercialização em um determinado país precisa antes provar para a agência regulatória de saúde daquele país (que no caso do Brasil é a Agência de Vigilância Sanitária, ANVISA) que esse medicamento é mais eficaz do que o placebo. Isto é feito através de estudos clínicos, que geralmente duram mais de 10 anos e envolvem milhares de pacientes, ao custo de muitos milhões de dólares cada.
Suponhamos que uma empresa farmacêutica queira aprovar o Parkisonix®, um novo medicamento que supostamente reduz os sintomas da doença de Parkinson. Antes de poder administrar o medicamento a qualquer ser humano, é exigido por lei que ele seja administrado a várias espécies de animais. Se qualquer delas tiver sintomas muito graves, a continuação do processo é barrada, o medicamento é considerado arriscado demais e a empresa é forçada a abandonar seu desenvolvimento.
Tendo passado nessa fase inicial com animais, o medicamento é administrado a alguns poucos voluntários humanos saudáveis (sem Parkinson). Infelizmente, já aconteceu de medicamentos novos terem se mostrado completamente inofensivos em ratos, camundongos, cães, chipanzés e outros animais testados na fase inicial, mas que provocaram reações alérgicas gravíssimas quando foram aplicados aos voluntários humanos, inclusive matando-os. Assim, como você pode imaginar, a ocorrência dessas coisas em seres humanos saudáveis também acaba com quaisquer chances do medicamento ser lançado.
A próxima fase é administrar o medicamento a voluntários doentes. No caso de Parkinsonix®, isso envolveria recrutar centenas ou milhares de pacientes com doença de Parkinson, administrar o medicamento a eles, e registrar se houve alguma melhora em seus sintomas. Porém, em geral, metade desses pacientes não recebe Parkisonix®, mas sim placebo. E relembrando que elas não terão forma de saber se é placebo ou não. Não adianta nem tentar perguntar para os funcionários do estudo que têm contato direto com os pacientes, pois eles também não saberão! A empresa farmacêutica não informa aos funcionários que cuidam dos pacientes quem está recebendo placebo ou não, para evitar quaisquer possibilidades de eles revelarem essa informação ao paciente, mesmo sem querer. Essa técnica de experimentação é chamada de “duplo-cego”, onde “duplo” significa “tanto o paciente quanto os médicos”.
Se a metade dos pacientes que recebeu Parkisonix® não tiver melhora nos sintomas significativamente maior que a metade que recebeu placebo, concluir-se-á que Parkisonix®não funciona, e a empresa potencialmente terá gasto anos de trabalho e centenas de milhões de dólares para nada.
Mas por que recrutar tantos pacientes? Por dois motivos principais: 1) Cada organismo é diferente, e algumas pessoas podem ter um metabolismo tão diferente da média que o medicamento não funciona direito para elas. Um grande número de pacientes significa que há maior probabilidade do estudo recrutar um desses pacientes “exceção”, e assim poder determinar se um aumento ou redução da dose faria o medicamento funcionar melhor para essas pessoas; e 2) Para tornar os dados estatisticamente mais confiáveis. Quanto maior o número de pacientes no estudo, menor a probabilidade que os resultados positivos observados (o medicamento funciona melhor que o placebo) sejam resultado apenas do acaso. Em outras palavras, quanto mais pacientes houver no estudo, maior a confiança com que se pode dizer que os resultados observados no estudo correspondem à realidade.
Em resumo, todo este longo, caro e elaborado processo serve para garantir que a nova substância não é muito perigosa, que ela funciona, e que ela não tem efeitos indesejados muito graves mesmo após um longo tempo de uso. A fosfoetanolamina, no entanto, foi aprovada sem passar por nada disso. É possível que constataremos, daqui a alguns anos, que 90% das pessoas que tomaram a fosfoetanolamina desenvolveram cirrose do fígado, por exemplo. Se ela houvesse passado por um estudo clínico como todas as outras substâncias candidatas a tratamento, essa situação haveria sido detectada e muitas vidas poderiam ter sido salvas. Assim, fica fácil perceber como essa aprovação da distribuição é um grave atentado à saúde pública e aos princípios científicos mais elementares.
“Pílula do câncer” é um termo extremamente cretino
A fosfoetanolamina vem sendo referida na mídia, de forma totalmente irresponsável, como a “pílula do câncer” ou mesmo “a cura do câncer”. Pergunto: qual câncer? Ao contrário do que comumente se pensa, “câncer” não é uma única doença, mas o nome que se dá a um conjunto de doenças completamente distintas. Os tratamentos que funcionam para o câncer de fígado podem não fazer qualquer efeito no câncer de tireoide, ou podem mesmo piorar a situação do paciente. Como explica o médico oncologista Dráuzio Varella em seu vídeo sobre a fosfoetanolamina, mesmo o câncer de mama tem mais de 20 subtipos, cada qual com suas características específicas, e portanto tratamentos específicos. Dizer que a fosfoetanolamina é a “cura do câncer”, sem dizer para qual exatamente das dezenas de tipos e subtipos de câncer ela serve, é de uma ignorância absurda. Esperar que uma substância cure qualquer câncer é tão válido quanto esperar que uma única substância cure a depressão, hipertensão arterial, vertigem, artrite, deficiência de vitamina D, pneumonia, hepatite e esquizofrenia, e ainda tire unhas encravadas.
Mas é claro, não dá para saber para qual câncer a fosfoetanolamina serve, porque não deu tempo disso ser estudado antes dos políticos a aprovarem!
Perguntas que os leitores provavelmente farão e suas respostas
Uma pessoa que conheço usou a fosfoetanolamina e teve melhora em seu câncer, isso não é prova de que a substância funciona?Não. Relatos de melhora de algumas pessoas não valem como prova de nada, pois tal melhora pode muito bem ter ocorrido devido ao efeito placebo, ou mesmo por aleatoriedade (a melhora teria ocorrido de qualquer forma sem a pessoa tomar nada). Além disso, é comum que a doença dessas pessoas volte a piorar depois, ou a substância provoque algum efeito indesejado muito grave após certo tempo, e isso infelizmente não costuma ser espalhado aos quatro ventos como as histórias de melhora são. Somente após um estudo clínico ao longo de vários anos e com centenas de participantes é possível tirar conclusões válidas sobre a eficácia e segurança de uma substância.
Se a fosfoetanolamina “furou a fila” em caráter excepcional, deve ser porque os estudos preliminares realizados até agora indicaram que ela pode funcionar, não é?Infelizmente, não. Na verdade, é justamente o contrário! Testes preliminares em células tumorais in vitro (isto é, células mantidas vivas em um tubo de ensaio em um laboratório, fora de um organismo vivo) indicaram que a fosfoetanolamina não possui nenhuma atividade antitumoral significativa. Isto não quer dizer, porém, que ela não possa ter essa atividade dentro de um organismo vivo, pois nesse caso há vários fatores metabólicos que entram em jogo e podem alterar a ação de uma substância. Mas para determinar se isso ocorre, são necessários estudos clínicos!
A aprovação em caráter excepcional da substância não foi baseada em nenhum critério lógico ou científico. Simplesmente correram histórias de que ela estava funcionando para algumas pessoas (o que não é prova de nada, como respondido na pergunta acima). Isso gerou uma onda de esperança na comunidade de pacientes com câncer, que fez abaixo-assinados que foram entregues aos políticos, os quais não entendem nada do assunto. A decisão foi totalmente demagógica, e não científica, e nem sequer deveria ter sido feita pelos políticos, pois isso cabe à ANVISA! Em resposta a isso, o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo tomou a corretíssima decisão de processar judicialmente e caçar a licença de médicos que prescreverem a fosfoetanolamina enquanto ela não for aprovada pela ANVISA.
A aprovação em caráter excepcional da substância não foi baseada em nenhum critério lógico ou científico. Simplesmente correram histórias de que ela estava funcionando para algumas pessoas (o que não é prova de nada, como respondido na pergunta acima). Isso gerou uma onda de esperança na comunidade de pacientes com câncer, que fez abaixo-assinados que foram entregues aos políticos, os quais não entendem nada do assunto. A decisão foi totalmente demagógica, e não científica, e nem sequer deveria ter sido feita pelos políticos, pois isso cabe à ANVISA! Em resposta a isso, o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo tomou a corretíssima decisão de processar judicialmente e caçar a licença de médicos que prescreverem a fosfoetanolamina enquanto ela não for aprovada pela ANVISA.
Se a pessoa já tentou de tudo e mesmo assim seu câncer continua piorando, qual é o problema de experimentar a fosfoetanolamina?A princípio não há grande problema, pois essa pessoa já terá tentado todos os procedimentos medicamente recomendados. A tragédia dos métodos alternativos e não validados de tratamento do câncer (urinoterapia, vitaminoterapia, homeopatia, cristaloterapia, florais de Bach, etc.) é que com alarmante frequência, os pacientes deixam de fazer quimioterapia, radioterapia ou outros tratamentos comprovadamente eficazes para tratarem-se APENAS com o novo método “milagroso”. Quando a pessoa finalmente percebe que o método não funciona, o tumor muitas vezes já terá crescido ou sofrido metástase (terá se espalhado para outras partes do corpo), e daí já será tarde demais para salvar o paciente.
E sem falar que esses métodos alternativos frequentemente são oferecidos por charlatães, que cobram fortunas por procedimentos que praticamente não custam nada para serem realizados, se aproveitando do desespero, desinformação e credulidade da vítima.
E sem falar que esses métodos alternativos frequentemente são oferecidos por charlatães, que cobram fortunas por procedimentos que praticamente não custam nada para serem realizados, se aproveitando do desespero, desinformação e credulidade da vítima.
Isso tudo não seria um complô da indústria farmacêutica para evitar que a cura do câncer seja levada para frente, pois a indústria perderia muito dinheiro com os quimioterápicos que deixaria de vender?
Este é um argumento comum que, à primeira vista, até faz sentido lógico. Mas o que as pessoas não percebem é que a indústria pode lucrar muito mais com uma cura! Um exemplo recente disto é o sofosbuvir, novo medicamento contra o vírus da hepatite C. Dos 327 pacientes tratados com o sofosbuvir em um estudo clínico, 295 (90%) não tinham mais o vírus detectável no sangue 3 meses após pararem de tomar o medicamento (ou seja, estavam curados), um resultado sem precedentes. Se o argumento título desta pergunta fosse verdade, o desenvolvimento do medicamento teria parado por aí. Mas a empresa que desenvolveu o sofosbuvir foi além e realizou vários estudos clínicos adicionais combinando-o com outros medicamentos já existentes, e descobriu que a combinação de sofosbuvir com um medicamento chamado velpetasvir curou, em um desses estudos clínicos*, 618 dos 624 pacientes, ou seja, mais de 99%! É importante observar que nenhum dos 116 pacientes que receberam placebo foi curado.
Um curso de tratamento completo com sofosbuvir + velpetasvir custa dezenas de milhares de dólares. Tendo em vista as 190 milhões de pessoas ao redor do mundo com hepatite C, o lucro potencial da empresa é de trilhões de dólares, muito mais do que ela ganharia vendendo medicamentos apenas paliativos.
Este é um argumento comum que, à primeira vista, até faz sentido lógico. Mas o que as pessoas não percebem é que a indústria pode lucrar muito mais com uma cura! Um exemplo recente disto é o sofosbuvir, novo medicamento contra o vírus da hepatite C. Dos 327 pacientes tratados com o sofosbuvir em um estudo clínico, 295 (90%) não tinham mais o vírus detectável no sangue 3 meses após pararem de tomar o medicamento (ou seja, estavam curados), um resultado sem precedentes. Se o argumento título desta pergunta fosse verdade, o desenvolvimento do medicamento teria parado por aí. Mas a empresa que desenvolveu o sofosbuvir foi além e realizou vários estudos clínicos adicionais combinando-o com outros medicamentos já existentes, e descobriu que a combinação de sofosbuvir com um medicamento chamado velpetasvir curou, em um desses estudos clínicos*, 618 dos 624 pacientes, ou seja, mais de 99%! É importante observar que nenhum dos 116 pacientes que receberam placebo foi curado.
Um curso de tratamento completo com sofosbuvir + velpetasvir custa dezenas de milhares de dólares. Tendo em vista as 190 milhões de pessoas ao redor do mundo com hepatite C, o lucro potencial da empresa é de trilhões de dólares, muito mais do que ela ganharia vendendo medicamentos apenas paliativos.
Fonte: http://www.universoracionalista.org/o-fiasco-com-a-fosfoetanolamina-mostra-que-de-boas-intencoes-o-inferno-esta-cheio/
sábado, 26 de março de 2016
"Migrações e representações culturais" - Texto 2ºB Fúlvio Morganti
Mesmo quando se trata de migrantes brasileiros, a chegada de pessoas de culturas regionais distintas provoca forte impacto sobre a sociedade da região receptora. Embora exista um combate cultural permanente em relação à discriminação aberta, os estereótipos sobre mineiros, baianos, cariocas, paulistas, gaúchos e nordestinos são conhecidos por todos. Revestidos de brincadeiras e piadas aparentemente inocentes, os grupos nacionais nem sempre são representados de modo positivo, e há quem ultrapasse os limites do respeito ao se relacionar com outros diferentes. No Brasil, a constituição pune certos atos desse tipo como racismo. Ainda assim, estudos (ALMEIDA, 2007) mostram que os nordestinos são muito discriminados pelos demais brasileiros.
O temor à perda do trabalho em função da concorrência com os que vêm de outras partes do país ou de outros países é uma das explicações para as condutas agressivas de que os imigrantes são alvo. Movidos geralmente pela sua própria necessidade de sobrevivência, os imigrantes vêm preencher aquelas ocupações mal pagas ou pelas quais os habitantes locais não se interessam. A incapacidade de entender esse fato leva a que muitas pessoas considerem os imigrantes menos capazes profissionalmente ou menos dignos de tratamento igualitário, especialmente quando são estrangeiros e, portanto, não desfrutam dos mesmos direitos que os nacionais. Uma das consequências negativas dessas representações culturais é a estigmatização, e pessoas discriminadas terão mais problemas ao tratar de conseguir trabalho. o que contribui para dificultar sua inserção social e produtiva. A vida na clandestinidade é também uma realidade para muitas famílias que entram em outros países sem visto legal.
É um fenômeno largamente difundido no mundo que os nacionais, diante de crises de emprego, passem a exigir de seus representantes leis mais duras contra os imigrantes, chegando até à sua expulsão. Durante esses processos, pessoas que vieram com o propósito de trabalhar e de instalar-se definitivamente precisam mudar seus planos e, muitas vezes, retornar aos países de origem.
O temor à perda do trabalho em função da concorrência com os que vêm de outras partes do país ou de outros países é uma das explicações para as condutas agressivas de que os imigrantes são alvo. Movidos geralmente pela sua própria necessidade de sobrevivência, os imigrantes vêm preencher aquelas ocupações mal pagas ou pelas quais os habitantes locais não se interessam. A incapacidade de entender esse fato leva a que muitas pessoas considerem os imigrantes menos capazes profissionalmente ou menos dignos de tratamento igualitário, especialmente quando são estrangeiros e, portanto, não desfrutam dos mesmos direitos que os nacionais. Uma das consequências negativas dessas representações culturais é a estigmatização, e pessoas discriminadas terão mais problemas ao tratar de conseguir trabalho. o que contribui para dificultar sua inserção social e produtiva. A vida na clandestinidade é também uma realidade para muitas famílias que entram em outros países sem visto legal.
É um fenômeno largamente difundido no mundo que os nacionais, diante de crises de emprego, passem a exigir de seus representantes leis mais duras contra os imigrantes, chegando até à sua expulsão. Durante esses processos, pessoas que vieram com o propósito de trabalhar e de instalar-se definitivamente precisam mudar seus planos e, muitas vezes, retornar aos países de origem.
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