sábado, 26 de março de 2016

"Migrações e representações culturais" - Texto 2ºB Fúlvio Morganti

Mesmo quando se trata de migrantes brasileiros, a chegada de pessoas de culturas regionais distintas provoca forte impacto sobre a sociedade da região receptora. Embora exista um combate cultural permanente em relação à discriminação aberta, os estereótipos sobre mineiros, baianos, cariocas, paulistas, gaúchos e nordestinos são conhecidos por todos. Revestidos de brincadeiras e piadas aparentemente inocentes, os grupos nacionais nem sempre são representados de modo positivo, e há quem ultrapasse os limites do respeito ao se relacionar com outros diferentes. No Brasil, a constituição pune certos atos desse tipo como racismo. Ainda assim, estudos (ALMEIDA, 2007) mostram que os nordestinos são muito discriminados pelos demais brasileiros.
O temor à perda do trabalho em função da concorrência com os que vêm de outras partes do país ou de outros países é uma das explicações para as condutas agressivas de que os imigrantes são alvo. Movidos geralmente pela sua própria necessidade de sobrevivência, os imigrantes vêm preencher aquelas ocupações mal pagas ou pelas quais os habitantes locais não se interessam. A incapacidade de entender esse fato leva a que muitas pessoas considerem os imigrantes menos capazes profissionalmente ou menos dignos de tratamento igualitário, especialmente quando são estrangeiros e, portanto, não desfrutam dos mesmos direitos que os nacionais. Uma das consequências negativas dessas representações culturais é a estigmatização, e pessoas discriminadas terão mais problemas ao tratar de conseguir trabalho. o que contribui para dificultar sua inserção social e produtiva. A vida na clandestinidade é também uma realidade para muitas famílias que entram em outros países sem visto legal.
É um fenômeno largamente difundido no mundo que os nacionais, diante de crises de emprego, passem a exigir de seus representantes leis mais duras contra os imigrantes, chegando até à sua expulsão. Durante esses processos, pessoas que vieram com o propósito de trabalhar e de instalar-se definitivamente precisam mudar seus planos e, muitas vezes, retornar aos países de origem.

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